
Durante vários anos, a instabilidade do país em vários aspectos (económicos, sociais e políticos) mostra claramente que o Haiti não tem sido capaz de oferecer a possibilidade de sobrevivência e união das pessoas que nele vivem.
Muitos deles vivem cada dia sem esperança de como será o amanhã. Não se trata apenas de uma questão de insegurança, mas também em todos os aspectos que acabamos de referir, o Estado não tem conseguido constituir-se como peça de política pública para acompanhar ninguém.
Entre os habitantes, verificamos que a maioria são mulheres e homens jovens. Nossa categoria poderia ser considerada como o futuro do país, que muitas vezes está cheio de sonhos, pensando em lutar por um amanhã melhor, mas que é prejudicial, não recebendo a assistência do Estado. Muitos deles que concluíram aulas de filosofia optam por deixar o país para estudar, trabalhar e ser úteis em outro lugar. Ou continuar lutando no país no nível que for possível.
Agora, qual a luta possível de um jovem residente no Haiti diante de um Estado que provavelmente não consegue definir políticas públicas e mesmo tendo consciência dessa luta, também não consegue definir alternativas?
Cageline, 21 anos, sonhava em ser médico, hoje vai ao mercado todas as manhãs para pentear e fazer as unhas das pessoas.
“Meu pai me disse que dois adultos não ficam na mesma casa só porque ele sentiu que depois da minha aula de filosofia eu não deveria mais ficar em casa, sob sua responsabilidade”
A maioria dos pais haitianos entende que fazer aula de filosofia significa muitas coisas, diante da péssima situação do país, muitos deles entendem que depois dessa aula é a hora da criança nadar para sair.
“Todas as manhãs, quando muitos jovens em volta da minha casa pegam a estrada para ir à fábrica, eu também tenho que sair, porque tenho que pagar, para conseguir o que preciso”
Hoje, constatamos que muitos jovens são libertados para uma prática que não pertence ao sentido da sociedade. A possibilidade de gangsterização torna-se mais cara e aumenta o número de crianças que nascem e crescem desacompanhadas. Porém, muitos outros também pensam em administrar a sua dignidade, pensando que a vida é para um dia, encontrarão a paz.
"Tenho que viver, não posso cuidar dos meus pais. Porque não tenho pai. A esperança da família está em mim, é sair às ruas para levantar a minha casa"
Essa é a fala de Mackenley, que tem 26 anos e estuda ciências administrativas. Hoje, que se transforma em vendedor de tortas na área de Pies Sis. Um lugar no município de Sítio Sol.
“A rua não sorri para mim todos os dias, porque sempre tem bandidos que passam para me revistar, e às vezes sabem que devem apontar uma arma para mim quando vou fazer compras para ganhar um dinheirinho para o dia. Mas não posso cruzar os braços, porque sei que a vida é uma luta”
Ainda Mackenley, que certamente depois dos estudos exigidos pela sociedade, desejava trabalhar em escritório, mas prejuízo não é o que a vida lhe oferece.
Nas zonas de concentração da violência, há jovens que se recusam a aliviar apesar de todas as calamidades que enfrentam. Estamos nos perguntando que dia, quando Abraão dirá basta por eles!?!
William SM Saint-Cyr